Marcelo Guimarães Lima
Que o compositor trabalha com formas gráficas, a escrita musical, simbolizando a matéria sonora é algo que todos sabem. Que haja uma relação talvez mais profunda ou mais decisiva entre a representação gráfica, a forma visível e a matéria representada na criação musical é uma questão menos evidente e, por isso, menos refletida, ou vice-versa.
É sabido que a paisagem do Rio de Janeiro inspirou Villa Lobos: as formas gráficas da linha das montanhas na baía da Guanabara serviram ao compositor de ponto de partida para o desenho melódico e rítmico na sua Sinfonia n. 6, explicitamente denominada "Sobre a Linha das Montanhas do Brasil".
A "composição por imagens" como método em Villa Lobos parte da visão da paisagem e seus ritmos lineares, o entrelaçado das cadências visuais, texturas, tonalidades e cores, para a música como uma espécie de "explicitação" do universo sonoro que jaz no fundo das coisas e dos seres, a forma sonora como reverberação purificada dos ritmos do real, possibilitando deste modo a tradução e transfiguração do pulsar das coisas nos ritmos internos da subjetividade. (...)
Marcelo Guimarães Lima - A Música na Paisagem, documentos ocasionais/ occasional papers Cadernos do Cepaos, junho 2020,PDF |
Que o compositor trabalha com formas gráficas, a escrita musical, simbolizando a matéria sonora é algo que todos sabem. Que haja uma relação talvez mais profunda ou mais decisiva entre a representação gráfica, a forma visível e a matéria representada na criação musical é uma questão menos evidente e, por isso, menos refletida, ou vice-versa.
É sabido que a paisagem do Rio de Janeiro inspirou Villa Lobos: as formas gráficas da linha das montanhas na baía da Guanabara serviram ao compositor de ponto de partida para o desenho melódico e rítmico na sua Sinfonia n. 6, explicitamente denominada "Sobre a Linha das Montanhas do Brasil".
A "composição por imagens" como método em Villa Lobos parte da visão da paisagem e seus ritmos lineares, o entrelaçado das cadências visuais, texturas, tonalidades e cores, para a música como uma espécie de "explicitação" do universo sonoro que jaz no fundo das coisas e dos seres, a forma sonora como reverberação purificada dos ritmos do real, possibilitando deste modo a tradução e transfiguração do pulsar das coisas nos ritmos internos da subjetividade. (...)
Chico Buarque e o "Morro Dois Irmãos":
a canção na paisagem, a paisagem na canção
a canção na paisagem, a paisagem na canção
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