sexta-feira, 16 de outubro de 2020

The Act of Drawing in Early Childhood Education - Elvira Souza Lima, Marcelo Guimarães Lima

 



In this paper we utilize some findings of Neuroscience to reflect on drawing as an important curricular component in Early Childhood Education. We understand drawing as a capacity that emerges in the evolution of the human species, we discuss the child´s genetic predisposition for the activity of tracing the basic elements of drawing (point, line, angles and circle) and how the activity of tracing evolves in young children with the beginnings of visual narrative in the period of Early Childhood Education. Finally we consider the educational interventions that contribute to the full development of visual narrative in young children. We point out the importance of including approaches based on Neuroscience in teachers’ education programs so that they can guarantee the proper context and time for children continuously exercise the act of drawing to develop his/her imagination and create new memories.







domingo, 11 de outubro de 2020

Escola para quê mesmo?!

Elvira Souza Lima



À medida que vamos nos aproximando do final de 2020, um ano sem precedentes, cabe refletir no turbulento período que a escola tem experimentado no mundo todo.

No ato 1 deste teatro do absurdo, do impensável, escolas se fecham no mundo todo. Primeira providência, passar para o ensino remoto. Mas tomamos consciência imediata da enorme desigualdade de condições da infância e da juventude no mundo todo.

Tecnologia digital e internet não são acessíveis a 20%, 30% até a 80% das crianças e jovens, dependendo dos países, de regiões de um mesmo país, de cidades, de bairros... Desigualdade intuída por alguns, suspeitada por vários, sabida por outros, porém não com a dimensão que a COVID19 demonstrou.

No ato 2, a figura do professor começa a tomar um vulto também sem precedentes, para quem teve acesso ao ensino remoto e também para quem não teve. Seja por meios tecnológicos digitais, seja pela TV, rádio, pelas sacolinhas (solução encontrada para que as atividades cheguem ao aluno sem acesso à internet, às vezes até mesmo sem energia elétrica), uma verdade se impõe: ninguém substitui professor.

Rapidamente se constata outra verdade: o mundo precisa das escolas.

De centro da docência, dos conhecimentos formais, de ensino da leitura, da escrita, da matemática, a escola começa a ser reconhecida como espaço necessário para a comunicação. Ah, a escola, espaço de cultura, de vivência simbólica, de partilhamentos, de emoções...

É o momento que, no contexto das restrições impostas pelo Covid19, começa a se ter saudades da escola. Saudade dos professores, dos amigos, dos alunos, da rotina em que comportamentos culturais e de vida coletiva são introduzidos, praticados e as novas gerações vão se formando como pessoas de cultura.

Começa a percepção geral de que escola é necessária para o funcionamento de muitas sociedades pelo mundo todo. É o momento que, também, começa-se a perceber que várias formas de organização social e de culturas não urbanas se saem melhor na vivência das restrições e no isolamento social que o COVID19 impôs.

No ato 3, a discussão se volta para a economia. As pessoas precisam voltar a trabalhar, mas as famílias precisam de suporte para cuidar de seus filhos, de forma que possam voltar para seus locais de trabalho e mesmo para trabalhar em casa. Home Office é algo desafiador quando se tem crianças e jovens pela casa.

Escolas não só são espaços de cultura, de docência e aquisição de conhecimentos formais. São espaços de acolhimento e guarda das crianças e jovens. Muitas vezes, também, de alimentação.

Quando começam a se evidenciar as consequências da COVID19 na saúde mental, a escola começa a ser vista como componente chave para se lidar com um problema que apenas se evidencia, sem se ter ainda uma ideia precisa de sua dimensão.

Estados de ansiedade, estresse, depressão se propagam de forma alarmante em alguns contextos. Cabe agora à escola se envolver, também, com esta dimensão das consequências do COVID19. Isolamento social, perda de pessoas próximas, desemprego são todos fatores que vão ganhando importância ao afetar o equilíbrio emocional e as relações pessoais.

Entramos, então, no ato 4 em que se começa a pensar a escola como o espaço promissor para criar um contexto adequado para atender aos desafios colocados pela permanência do COVID19.

A enorme diversidade de situações, atravessando todas as classes sociais e econômicas, as coletividades culturais e linguísticas nos apontam para a realidade de que as soluções e propostas para a educação e a organização serão, principalmente, locais. Em cada comunidade, cada bairro, cada escola as escolhas serão feitas pelas pessoas que aí vivem e interagem.

É o que temos percebido nos vários países em que as escolas estão voltando, enfrentando altos e baixos, surtos de contaminação, quarentenas parciais. Porém, em todas as situações as pessoas estão conscientes de que não há um modelo único a ser implantado, uma mesma resposta para todos, uma mesma solução para questões tão diversas.

E a escola assume, pouco a pouco, uma dimensão integradora da docência, da cultura e da saúde. Esta dimensão impõe o exercício da imaginação e da criatividade, exercício este que já começa a provocar uma movimento importante na redefinição da instituição escolar no mundo contemporâneo.